89.

"Chorar tendo ao lado um corpo cúmplice: já que reparte a desnecessária fala. O choro é meu, único, mas seria intragável se estivesse sozinho, engolindo a emoção. Ter par é a possibilidade do extravaso, do ir além, do chorar apenas por estar feliz e dividindo... as lágrimas molham expelidas como sêmen: sem pudor. Dois. O mesmo relaxamento e reconforto. É um número bom. Eu você a poltrona e o ver vagar: basta. Amor é assim em qualquer idade. Amizade é assim também. Quem já chorou ao lado de alguém que não diz nada, que não é para dizer nada, apenas postar-se naturalmente enquanto você chora e chora (que passa) e é riso que vem, sabe, assim as amizades se solidificam..."
Guilherme Zarvos, Mais Tragédia Burguesa
p.65

 

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