294.

"Vindo de vós, nada me afeta:
Jamais a vós me renderei
Nem me fareis triste nem fraco.
Antes que eu chegue à grande meta,
Rirei brincando e dançarei!
Aos pés do belo e moço Baco!"
Anacreonte, ANAKPEONTOS WDDI [Odes de Anacreonte], do poema Longe, Desgostos! traduzido por Almeida Cousin.
p.69

293.

"Vaidade de vaidades! Diz o pregador, vaidade de vaidades! É tudo vaidade. Que vantagem tem o homem, de todo seu trabalho, que ele faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem, mas a terra sempre permanece. E nasce o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar donde nasceu.
...O que foi, isso é o que há de ser, e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: ― 'Vê, isto é novo?' ― Já foi nos séculos passados, que se foram antes de nós. Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança nos que hão de vir depois."
Salomão, Bíblia Sagrada, livro de Eclesiastes
Cap.1:2-5;9-11

292.

"Mas não leiam sempre. Há dias tristes, em que me sinto com 'espírito versátil e medos infundados' ou 'misantropia e desequilíbrio arterial pela tarde, e a noite será de nostalgia."
Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas, na crônica Aconteceu com Orestes
p.163

291.

"...ele disse que havia muitas coisas que podiam enlouquecer uma pessoa, especialmente se ela não tivesse a resolução e o propósito necessários para aprender; mas que quando um homem tinha um espírito claro e inflexível, os sentimentos não eram em absoluto um obstáculo, pois ele era capaz de controlá-los."
Carlos Castañeda, A erva-do-diabo
p.118

290.

"É que se aprende a bondade 
ou a máscara da bondade?"

Pablo Neruda, Livro das Perguntas
p.64

289.

"O estudo do erro inspirado não deveria engendrar uma homilia acerca do pecado do orgulho; deveria nos levar ao reconhecimento de que a capacidade para o grande insight e para o grande erro são faces opostas da mesma moeda - e que é brilhante o valor de ambas."
Stephen J. Gould, O Polegar do Panda
p.219

288.

"A arte é o espelho social de uma época"
Raul Seixas, Por Ele Mesmo
p.41

287.

"Conforme as necessidades do estágio particular da miséria que o espetáculo nega e mantém, ele existe sob forma concentrada ou sob forma difusa. Em ambos os casos, ele não passa de uma imagem de unificação feliz cercada de desolação e pavor; ocupa o centro tranquilo da desgraça."
Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 63
p.42

286.

"Todos os problemas que vejo no mundo se resumem a uma coisa só: falta de controle de natalidade. É algo que não vejo ninguém falar, principalmente a Igreja, que não concorda com isso. Se 150 mil pessoas morrem lá na casa do cacete, por causa de um terremoto, é tudo fodido. É só fodido que morre. Sinal que estamos gerando fodidos com muita rapidez. Poucas pessoas estudaram e evoluiram, com poder de doutrinar essas outras pessoas que são uns animais soltos no mundo. São poucos pra ajudá-las a fazer o mundo evoluir. E a gente não tem como ir consertando todos estes que estão nascendo. A gente teria que regularizar a situação pra que os que nascessem tivessem condição de fazer o mundo evoluir."
Sidney Magal, entrevista para Revista M...
p.105 (3ª edição)

285.

Do Amor às Riquezas

"Se o ouro e riqueza, por um dia, 
Pudesse a vida prolongar,
Por certo que o ouro eu cavaria
Para que, vindo, a Morte fria
Tomasse a oferta em meu lugar.
Mas, se comprar, mesmo um momento
De vida nega-se aos mortais,
Por que, bradando em vão lamento,
Soltar, precoces, os meus ais?!
Morte e marcada por destino,
Que ajuda ouro em casos tais?
Eu quero é, pois, beber somente
E, ebrifestivo, alegremente
Entre os amigos me encontrar
E, enfim, num leito, molemente
Um culto a Vênus* tributar."
Anacreonte, ANAKPEONTOS WDDI [Odes de Anacreonte], traduzido por Almeida Cousin
p.69

284.

"Quando o progresso ficou pronto, a estrutura já estava lá. Os pequenos detalhes passaram ao plano secundário. É um projeto que eu gosto muito, ele é muito simples, realça o que é preciso realçar, onde o trabalho é mais importante, quer dizer a Câmara e o Senado. Eu quis fazer o teto no nível das avenidas, e fácil explicar: eu queria que quando a pessoa chegasse visse a Praça dos Três Poderes, da qual o Congresso faz parte. Por que é comum quando se quer realçar a arquitetura numa praça é deixar a praça limpa, sem nada, então você olha e vê os diversos edifícios, você vê a relação que tem de um com o outro, você sente a importância da Praça. E no Brasil a vezes, é o lado medíocre das pessoas, ficam reclamando: "Mas porque a Praça dos Três Poderes não tem vegetação, porque tanto sol?". E a gente tem que ficar explicando isso, que é tão intuitivo: "Não, porque ali é uma praça cívica, é diferente, tem que valorizar a arquitetura". Imagina você, se na Praça de São Marcos enchesse ela de árvores, o que acontecia? Tinha mais sombra, mas ela tinha desaparecido, uma coisa de arte. Tudo tem que dar uma explicação. A mediocridade ativa é uma merda."    

Oscar Niemeyer

283.

"Sim, direis, mas há os casos lindos de amor para toda vida, a paixão que vira ternura é amizade. Acaso não acreditais nisso, detestável Braga, pessimista barato?
E eu vos direi que sim. Já me contaram, já vi. É bonito. Apenas não entendo bem por que sempre falamos de um caso assim com uma ponta de pena. ("Eles são tão unidos, coitados.") De qualquer modo, é mesmo muito bonito; consola ver. Mas, como certos quadros, a gente deve olhar de uma certa distância."
Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas, na crônica Sobre o Amor, Desamor...
p.326

282.

"Que bandeira se agitou
ali onde não me esqueceram?"
Pablo Neruda, Livro das Perguntas
p.59 

281.

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!"
Mario Quintana, Das Utopias

280.

"Vamos atenuar os acontecimentos, e encarar com mais doçura e confiança as nossas mulheres. As que sobreviveram a este verão."
Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas, na crônica O Verão e as Mulheres
p.283

279.

"Se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo"
Voltaire, citado por Stephen J. Gould em O Polegar do Panda
p.213

278.

"O inferno são os outros ― diz esse desagradável senhor Sartre no final de Huis Clos, e eu respondo: eu que o diga!"
Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas, na crônica Sobre o Inferno
p.142

277.

"Se variam na casca, idêntico é o miolo,
Julguem-se embora de diversa trama:
Ninguém mais se parece a um verdadeiro tolo
Que o mais sutil dos sábios quando ama."
Mario Quintana, Da Condição Humana

276.

"Sua beleza apenas não explica isso; nem essa graça frívola e melancólica; nem nossa amizade tão rápida, tão pouca. Entretanto, quando despertei por acaso, na madrugada, estava pensando em você, e gravemente, seriamente, com o sentimento de que era urgente que você estivesse tendo um feliz Natal."
Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas, fragmento da crônica Mensagem Que Não Foi Mandada
p.433

275.

"A vedete do consumo, embora represente exteriormente diferentes tipos de personalidade, mostra cada um desses tipos como se tivesse total acesso à totalidade do consumo, e também como capaz de encontrar a felicidade nesse consumo."
Guy Debord, A Sociedade do Espetáculo, tese 61
p.41

274.

Poema de Natal

"Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente."

Vinicius de Moraes

273.

"– Quando um homem começa a aprender, ele nunca sabe muito claramente quais são seus objetivos. Seu propósito é falho; sua intenção, vaga. Espera recompensas que nunca se materializarão, pois não conhece nada das dificuldades da aprendizagem.
Devagar, ele começa a aprender... a princípio, pouco a pouco, e depois em porções grandes. E logo seus pensamentos entram em choque..."

Carlos Castañeda, A erva-do-diabo
p.90

272.

Sobre a inexistência da imparcialidade:

"Um jornalista é um ser humano e, enquanto não aparecer uma máquina para substituí-lo, ele se exprimirá de forma pessoal, ao sabor de seu temperamento, de sua inteligência, da sua cultura, das suas emoções, até dos seus complexos. Mesmo que não queira, será ele mesmo até ao colocar uma vírgula."
Mino Carta, em Manual do foca, de Thaïs Mendonça Jorge
p.130

271.

Motivo

"Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidas,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se me desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Meireles

270.

"O homem mais sábio que conheci em toda minha vida não sabia nem ler nem escrever."
José Saramago, ao receber o prêmio Nobel de Literatura, referindo-se ao avô.

269.

"Os olhos do homem sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas; então também entendi eu que o mesmo lhes sucede a ambos.
Assim eu disse no meu coração: – Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que também isto era vaidade. Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o tolo!"
Salomão, Bíblia Sagrada, livro de Eclesiastes
Cap.2:14-16

268.

"A palavra progresso está hoje em desuso. Foi substituída por desenvolvimento e, assim, fica de novo colocado o problema de sua conceituação. Para alguns, cuja visão nos parece simplista, o desenvolvimento consiste em alcançar determinados índices númericos que assimilem o crescimento da produção. O desenvolvimento poderia ser, por exemplo, atingir a produção anual de tantas toneladas de aço, de tantas toneladas de soja etc..."
Nelson Werneck Sodré, A Farça do Neoliberalismo 

267.

"O funk é o som que bate na virilha"
Mr. Catra, em entrevista ao canal Multishow

266.

"A ciência não é uma máquina objetiva e dirigida para a verdade, mas uma atividade quintessencialmente humana, afetada por paixões, esperanças e preconceitos culturais."
Stephen J. Gould, O Polegar do Panda
p.202

265.

pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Oswald de Andrade

264.

"E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvários e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor."
Salomão, Bíblia Sagrada, livro de Eclesiastes
Cap. 1:17-18

263.



"Nós temos que recomeçar o debate da civilização, que 
a gente abandonou. A gente passou a debater o 
crescimento econômico. Se vamos aumentar os juros,
se vamos diminuir, se vamos facilitar um pouco a 
inflação, ou não, mas a civilização própria quase não é
objeto de discussão. E isso abre espaço para qualquer 
forma de barbárie como essas, pela qual a gente deixa
morrer crianças e velhos e adultos, tranquilamente."
Milton Santos, fragmento retirado do filme Encontro com 
Milton Santos

262.

"Tudo o que é consciente se gasta. O que é inconsciente permanece inalterado. Mas este, quando libertado, também não cai em ruínas?"
Sigmund Freud

261.

"A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la."
Bob Marley


enviada por Efraim Fernandes

260.

"O plano mais eficaz para o avanço de um povo... é permitir a cada homem, desde que se observem as regras da justiça, que persiga seu próprio interesse à sua própria maneira, colocando sua aptidão e seu capital em competição, a mais livre possível, com os dos cidadãos seus colegas. Todo sistema de governo que se esforça... em desviar para uma espécie particular de aptidão uma fração maior do capital da sociedade que naturalmente iria para ela... constitui, na realidade, uma subversão do grande propósito que deseja promover."
Adam Smith
p.56

259.

"O filme deve, cada vez, encontrar o seu público, e, acima de tudo deve tentar, cada vez, uma síntese difícil do padrão e do original: o padrão se beneficia do sucesso passado e o original é a garantia do novo sucesso, mas o já conhecido corre o risgo de fatigar enquanto o novo corre o risco de desagradar.É por isso que o cinema procura a vedete que une o arquétipo ao individual: a partir daí, compreende-se que a vedete seja o melhor anti-risco da cultura de massa, e, principalmente, do cinema."
Edgar Morin, Cultura de Massas no Século XX  
p.31

258.

Canto da Prainha

"Como é bom estar sozinho nesse mar que Deus me deu
onde eu penso em tudo e nada, onde eu sou apenas eu
onde eu sou eu e a água, onde as ondas se levantam
onde eu deito as minhas mágoas, onde as águas cantam"
Gabriel O Pensador, Diário Noturno
p.79

257.

"Essa constante da economia capitalista... exige a participação da grande maioria dos homens, como trabalhadores assalariados, na busca infinita de seu esforço; todos sabem que devem submeter-se a ela ou morrer. é a realidade dessa chantagem, o uso sob sua forma mais pobre (comer, morar) já não existe a não ser aprisionado na riqueza ilusória da sobrevivência ampliada, que é a base real da aceitação da ilusão geral no consumo das mercadorias modernas."
Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 47
p.33

256.

Febre de Amor

"Dai-me, pois, dai-me, ó mulheres,
Vinho que eu beba a meu contento!
Porque já estou preso de ardores
E ardo em febre e me lamento!
Dai-me flores, pois que as flores
Da coroa em que me cubro,
Minha fronte, em seus ardores
Já desseca!...Ardo intranquilo.
Contra a chama dos amores
Como, ao coração, cobri-lo? !"
AnacreonteANAKPEONTOS WDDI [Odes de Anacreonte], traduzido por Almeida Cousin
p.65

255.

"Caso viesse sempre depois da tempestade semelhante bonança, poderiam soprar os ventos de acordar a morte."
William Shakespeare, Otelo

254.

"A ordem é a primeira lei do firmamento; e isto implica que alguns são, e têm de ser, maiores que os restantes."

Alexander Pope

253.

"Luiz Gonzaga tocava o dia inteiro em Salvador, nas rádios, nas praças. Idem a loucura de Elvis Presley. Os dois, eu saquei, tinham o mesmo humor. Era idêntica a história de Cintura Fina com Blue Suede Shoes. Havia o mesmo tom safado, irônico. Acho que o humor de nosso nordestino é muito parecido com o humor do americano do Sul, onde nasceu o rock`n`roll."
Raul Seixas, Por Ele Mesmo
p.44

252.

"Uma das principais funções de um amigo é suportar (de forma atenuada e simbólica) os castigos que nós gostaríamos, mas não temos possibilidade, de infligir aos nossos inimigos."
Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo
p.217

251.

"Subitamente lavado do absoluto desprezo com que é tratado em todas as formas de organização e controle da produção, ele continua a existir fora dessa produção, aparentemente tratado como adulto, com uma amabilidade forçada, sob o disfarce de consumidor. Então, o humanismo da mercadoria se encarrega dos lazeres e da humanidade do trabalhador."
Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 43

250.

"Reflito sobre a minha vida, depois de ter completado cinquenta anos de literatura, e sinto que todas as coisas pelas quais trabalhei e lutei estão em decadência. O que eu via como o inimigo e, com grande otimismo, como o inimigo que haveria de ser derrotado, acabou por nos vencer."
Norman Mailer

249.

"Um gracejo oculto, imperscrutável e invisível como o nariz na face de um homem."
William Shakespeare, citado por Stephen J. Gould, O Polegar do Panda
p.59

248.

"Sergio Cabral, com seu risinho simpático e ishperto de carioca que gosta de samba, futebol e praia, nunca me enganou. E o novo prefeito mauricinho tampouco. Fiquei observando os correligionários que os cercavam, e vi ali o que há de pior na política brasileira: uma gentalha que há anos consegue continuar no poder, e me pergunto como."
Danuza Leão, colunista da Folha de São Paulo

247.

"A nova mídia mantém os compromissos da imprensa para com o público. Se o jornalismo terá um novo suporte para cumprir sua missão no tempo – assim como houve a pedra, a argila, a madeira e o papel –, se será a tela do computador, do relógio de pulso ou do celular, não importa: a liberdade de expressão e de informação continua a ser uma das cláusulas constitucionais em todo o mundo democrático."
Thaïs de Mendonça Jorge, Manual do foca
p.14

246.

"Todo o trabalho vendido de uma sociedade se torna globalmente a mercadoria total, cujo ciclo deve prosseguir. Para conseguir isso, é preciso que essa mercadoria total retorne fragmentadamente ao indivíduo fragmentado, absolutamente separado das forças produtivas que operam como um conjunto."

Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 42

p.31

245.

"O cristianismo vai acabar, vai se encolher, desaparecer. Eu não preciso discutir sobre isso. Eu estou certo. Jesus era legal, mas suas disciplinas são muito simples. Hoje, nós somos mais populares que Jesus Cristo"
John Lennon, 1966 

enviada por Efraim Fernandes

244.

Let's Play That

"quando eu nasci
um anjo torto, muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
com um sorriso entre dentes
vai, bicho
desafinar o coro dos contentes

let's play that"
Torquato Neto

243.

"Ao jornalista, cabe mostrar os vários ângulos da questão e resgatar o papel dos primórdios: a fim de melhor comunicar, o jornalista deve colocar a notícia da melhor forma – in-formar. O que ele tem mesmo a fazer é publicar, no sentido latino: deixar à disposição do público. A escrita ainda predomina, inclusive na rede mundial de computadores."
Thaïs de Mendonça Jorge, O manual do foca
p.14

242.


"Nunca na história da humanidade houve condições técnicas e científicas tão adequadas a construir o mundo da dignidade humana. Apenas essas condições foram expropriadas por um punhado de empresas que decidiram construir um mundo perverso. Cabe a nós fazer dessas condições materiais a condição material da produção de uma outra política."
Milton Santos, fragmento do filme Encontro com Milton Santos

241.

"Diz-se que para cada sentimento humano, para cada sutil sensação, para qualquer situação possível nessa vida, já há uma música correspondente no cancioneiro brasileiro."
Adriana Calcanhotto, Saga Lusa
p.119

240.

"Minhas guitarras são meu cordão umbilical. Elas estão diretamente ligadas ao meu cérebro."
Kirk Hammett, da banda Metallica

enviada por Efraim Fernandes

239.

"Toda reportagem que sai num jornal deve ter algum propósito social: criar mais liberdade, defender idéias, fazer críticas, melhorar a situação dos menos privilegiados."
Ben Bradlee, citado por Thaïs de Mendonça Jorge, no livro Manual do foca
p.5

238.

"Eu queria ser escritor, feito Jorge Amado, vivendo de meus livros, escrevendo o dia todo, com uma camisa branca aberta no peito e um cigarro caindo do lado. Ou então fazer um tratado de metafísica. Porque eram essas coisas que sempre me incomodaram, me preocuparam; o problema da vida, do homem no universo, de onde vim, pra onde vou, o que é que estou fazendo aqui..."
Raul Seixas, Por Ele Mesmo
p.40

237.

"― Não me interprete mal, Dom Juan ― protestei eu. ― Quero ter um aliado(poder), mas também desejo saber tudo o que puder. Você mesmo já disse que saber é poder.
― Não! ― disse ele, com ênfase. ― O poder reside no tipo
de sabedoria que a gente tem. De que adianta saber coisas inúteis?"
Carlos Castañeda, A Erva-do-diabo
p.28

236.

"...Eros se abate
Em mim, como uma flecha, 
No coração e alma
As forças me abandonam.
Perdi da luta a palma
Que hei de fazer, por fim?
Que vale escudo agora,
Quando o combate é em mim? !"
AnacreonteANAKPEONTOS WDDI [Odes de Anacreonte], do poema Vitórias de Eros, traduzido por Almeida Cousin
p.51

235.

"O espetáculo é o momento em que a mercadoria ocupou totalmente a vida social. Não apenas a relação com a mercadoria é visível, mas não se consegue ver nada além dela: o mundo que se vê é o seu mundo."
Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 42
p.30

234.

"Na 'mulher interessante' a beleza é secundária, irrelevante e, mesmo, indesejável. A beleza interessa nos primeiros quinze dias e morre em seguida, num insuportável tédio visual. Era preciso que alguém fosse, de mulher em mulher, anunciando:
- Ser bonita não interessa, seja interessante!"
Nelson Rodrigues

233.

"Enquanto os outros garotos da minha idade estavam preocupados em jogar baseball e outras coisas, eu estava em meu quarto aprendendo a ficar em frente ao espelho com uma guitarra na mão"
Bon Jovi

enviada por Efraim Fernandes

232.

"A tão evidente perda da qualidade em todos os níveis, dos objetos que a linguagem espetacular utiliza e das atitudes que ela ordena apenas traduz o caráter fundamental da produção real que afasta a realidade: sob todos os pontos de vista, a forma-mercadoria é a igualdade confrontada consigo mesma, a categoria do quantitativo. Ela desenvolve o quantitativo e só pode se desenvolver nele."
Guy Debord, A Sociedade do Espetáculo, tese 38
p.28

231.

"O passado é um imenso pedregal que muitos gostariam de percorrer como se de uma auto-estrada se tratasse, enquanto outros, pacientemente, vão de pedra em pedra, e as levantam, porque precisam de saber o que estão por baixo delas"
José Saramago, A Viagem do Elefante

enviada por Mayara Pavanato

230.

Cogito

"eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nessa hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim."
Torquato Neto
p.159

229.

"A importância primordial, de entrar em mundos outros que não são os nossos ― e, pois, da própria antropologia ― reside no fato de que essa experiência nos leva a compreender que nosso próprio mundo é também um complexo cultural. Experimentando outros mundos, vemos o nosso como ele é e assim podemos também ver de relance como deve de fato ser o mundo verdadeiro, aquele entre o nosso próprio complexo cultural e outros."
Walter Goldschmidt, prefácio do livro A erva-do-diabo, de Carlos Castañeda
p.10

228.

"Quase ninguém quer se identificar com a ditadura militar no Brasil nos dias de hoje. Contam-se nos dedos aqueles que se dispõem a defender as opções que levaram à sua instauração e consolidação. Até mesmo personalidades que se projetaram à sua sombra, e que devem a ela a sorte, o poder e a riqueza que possuem, não estão dispostas, salvo exceções, a acorrer em sua defesa."
Daniel Aarão Reis, Ditadura Militar, Esquerdas e Sociedade
p.7

227.

"Vivemos num mundo onde precisamos nos esconder para fazer amor. Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia"
John Lennon

enviada por Liz Katz

226.

"O imaginário se estrutura segundo arquétipos: existem figurinos-modelo do espírito humano que ordenam os sonhos e, particularmente, os sonhos racionalizados que são os temas míticos ou romanescos. Regras, convenções, gêneros artísticos impõem estruturas exteriores às obras, enquanto situações-tipo e personagens-tipo lhe fornecem as estruturas internas. A análise estrutural nos mostra que se pode reduzir os mitos a estruturas matemáticas. Ora, toda estrutura constante pode se conciliar com a norma industrial. A indústria cultural persegue a demonstração à sua maneira, padronizando os grandes temas romanescos, fazendo clichês dos arquétipos em estereótipos."
Edgar Morin, Cultura de Massas no Século XX
p.29

225.

"... não se pode tentar mais nada do que estabelecer o princípio e a direção de uma estrada infinitamente longa. A pretensão de qualquer plenitude sistemática e definitiva seria, no mínimo, uma auto-ilusão. Aqui, a perfeição só pode ser obtida pelo estudante individual no sentido subjetivo, de que ele comunica tudo quanto conseguiu ver."
George Simmel, citado por Carlos Castañeda, no livro A Erva-do-diabo
p.15

224.

"Somos parte do mundo e nos beneficiamos do seu crescimento. O mundo mudou e temos de pagar a nossa cota na recessão que agora se abate sobre ele.
Delfim Nettoem artigo publicado no Jornal Valor Econômico de 02/12/2008

223.

Release

"quem lê
pensa que é easy
mas é hard
fazer release”
Chacal, Belvedere
p.147

222.

"O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter."
Cláudio Abramo, jornalista

221.

"Eu creio que é difícil ser negro e é dícil ser intelectual, no
Brasil.
Essas duas coisas, juntas, dão o que dão, não é? É
difícil ser negro porque fora das situações de evidência, o
cotidiano é muito pesado para os negros. E é difícil ser
intelectual porque não faz parte da cultura nacional ouvir
tranquilamente uma palavra crítica"
Milton Santos, fragmento do filme Encontro com Milton Santos.

220.

"O espetáculo é o capital em tal grau de acumulação que se torna imagem."
Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 34
p.25

219.

"O essencial da guerra é a destruição, não necessariamente de vidas humanas, mas dos produtos do trabalho humano. A guerra é um meio de despedaçar, ou de despejar na estratosfera, ou de afundar nas profundezas do mar, materiais que de outra forma teriam de de ser usados para tornar as massas demasiado confortáveis e portanto, com o passar do tempo, inteligentes."
George Orwell, 1984
p. 184

218.

"A loucura é rara nos indivíduos - mas é a regra nos grupos, partidos, povos e épocas"

Friederich Nietzsche, Além do Bem e do Mal
p.104

217.

"Ser intelectual cria uma porção de questões e nenhuma resposta."
Janis Joplin, 'Com Amor, Janis Joplin'

enviada por Tatiana Lontra

216.

"Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!"
Augustos dos Anjos, do poema Versos Íntimos

215.

Primeiro eu quero falar de amor

"meu amor se esparrama na grama
meu amor se esparrama na cama
meu amor se espreguiça
meu amor deita e rola no planeta”
Chacal, Belvedere
p.349

214.

"O espetáculo na sociedade corresponde a uma fabricação concreta da alienação. A expansão econômica é sobretudo a expansão dessa produção industrial específica. O que cresce com a economia que se move por si mesma só pode ser a alienação que estava em seu núcleo original."
Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 32
p.24

213.

"Não sou cantor. Ficar ali me expondo, expondo o meu corpo, sei lá, é esquisito. Tenho muita dificuldade pra fazer isso, ficar repetindo canções de tempos atrás, repetindo, repetindo."
Raul Seixas, Por Ele Mesmo
p.36

212.

"Se deixe levar e você será muito mais do que jamais pensou em ser."
Janis Joplin, 'Com Amor, Janis Joplin'

enviada por Tatiana Lontra

211.

"A alienação do espectador em favor do objeto contemplado (o que resulta de sua própria atividade inconsciente) se expressa assim: quanto mais ele contempla, menos vive. Quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominates da necessidade, menos compreende sua própria existência e seu próprio desejo."

Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 30

p.24


210.

"Só num país como o Brasil, na situação atual, eu poderia chegar a presidente da República. Como é que se chega ao meu nome? Ora, porque fulano é cretino, sicrano é burro e beltrano é safado! Isso é jeito?"
Ernesto Geisel, Presidente do Brasil (1974-1979), durante o regime militar

209.

"O meu egoísmo é tão egoista que o auge do meu egoísmo é querer ajudar"
Raul Seixas, na música Carpinteiro do Universo

208.

"A Fotografia é como uma cicatriz no corpo, às vezes intrigante porque plasma o momento da ação. Por vezes direta e intencional, às vezes acidental e ocasional; por serem diversas em seus significados, são marcas que contam mentiras diferentes. A sua função é como a de toda grande arte - unir os homens, aproximá-los de uma idéia comum. É como a poesia, a mais gestual manifestação das gestões criadoras. Contém em si o sinal da cruz - o elo entre o céu e o inferno"
Mário Cravo Neto

enviada por Efraim Fernandes; de sua monografia

207.

"A leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas reflexões criadoras. Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de pensar."
Albert Einstein

206.

"Com a separação generalizada entre o trabalhador e o que ele produz, perdem-se todo ponto de vista unitário sobre a atividade realizada, toda comunicação pessoal direta entre os produtores. Seguindo o progresso da acumulação dos produtos separados, e da concentração do processo produtivo, a unidade e a concentração tornam-se atributo exclusivo da direção do sistema. A vitória do sistema econômico da separação é a proletarização do mundo."
Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 26
p.22

205.

"Usei palavras que tinham ficado enterradas no passado, somos compostos de sedimentos lingüísticos."
José Saramago, em entrevista à Folha de São Paulo. [lnk]

204.

"A mais velha especialização social, a especialização do poder, encontra-se na raiz do espetáculo. Assim, o espetáculo é uma atividade especializada que responde por todas as outras. É a representação diplomática da sociedade hierárquica diante de si mesma, na qual toda outra fala é banida. No caso, o mais moderno também é o mais arcaico."
Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 23
p.20

203.

"Meditar é trabalhar. Pensar é obrar.
O olhar fito no céu é uma obra."
Victor Hugo, nota no livro "Poesias Completas de Castro Alves".
p.223

202.

Esforço de Amar

"Com um ramo de jacinto
Eros de pés bonitos
Batendo-me, malvado,
Mandou-me que o seguisse.
Corro e, sem ar, cansado,
Passo veredas, fragas,
Bordos de ribanceira.
Brota-me o suor em bagas,
Arquejo de canseira.
Eros o esforço vê
E, de asas a vibrar:
- Fraco! - me diz - pois que
Nem és capaz de amar!
AnacreonteANAKPEONTOS WDDI [Odes de Anacreonte], traduzido por Almeida Cousin
p.35