471.

"A própria população urbana, largada a seu destino, encontra soluções para seus maiores problemas. Soluções esdrúxulas é verdade, mas são as únicas que estão ao seu alcance. Aprende a edificar favelas nas morrarias mais íngremes fora de todos os regulamentos urbanísticos, mas que lhe permitem viver junto aos seus locais de trabalho e conviver como comunidades humanas regulares, estruturando uma vida social intensa e orgulhosa de si."
Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro
p.188

470.

"Nós não vemos...a realidade...como 'ela' é, mas como são nossas linguagens. E nossas linguagens são nossos meios de comunicação. Nossos meios de comunicação são nossas metáforas. Nossas metáforas criam o conteúdo de nossa cultura."
Neil Postman, citado no livro A Sociedade em Rede de Manuel Castells
p.414

469.

"... o ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos. E se for, qual deve ser, homem de cabedal e governo, bem se pode estimar no Brasil o ser senhor de engenho, quanto proporcionalmente estimam os títulos entre os fidalgos do Reino..."
Andreoni, citação no livro O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro
p.249

468.

"...vemos artistas e intelectuais subirem ao palco com protestos contra as potências que dirigem a guerra. Como se agora que a terra está em chamas adiantassem de alguma coisa tais palavras vindas de uma escrivaninha. Como se um artista ou literato, ainda que o melhor e mais famoso, tivessem alguma influência nos assuntos bélicos."
Hermann Hesse, Sobre a Guerra e a Paz
p.16

467.

"Não sei de que fugíamos.
Dizer que era da vida, parecia
demasiado lírico, demasiado verdadeiro
- e a vida raramente aproveita a um poema."
Manuel de Freitas, Rua de Montarroio
Piauí, edição 22

466.

"death silenced her pool

the day she died

hovered over

her little toy dogs

but left no trace

of itself

at her

funeral"

Bob Dylan, publicado no The New Yorker [lnk]

465.

"Os iletrados do século XXI não serão aqueles que não conseguem ler e escrever, mas aqueles que não conseguem aprender, desaprender, e reaprender."
Alvin Toffler

464.

"La diferencia entre Marx y yo, dejando aparte las dimensiones mucho mayores de Marx, es que Marx quiere transformar el mundo, yo al hombre en particular. El se dirige a las masas, yo a los individuos."
Herman Hesse, Lecturas para minutos, tese 39.

463.

"Antes de ler o livro que o guru lhe deu, você tem que escrever o seu."
Raul Seixas, Pra Ele Mesmo
p.117 

462.

"Uma casa sem livros é como um corpo sem alma"
Monteiro Lobato

461.

“Se temos que dar crédito ao português por alguma coisa, é por ter colonizado um país com dimensões continentais, como o Brasil, e ter mantido uma língua só.”

René Simões, técnico de futebol

460.

"A maconha tem mil e uma utilidades. A milésima primeira é, precisamente, servir de bode expiatório pra nossas dificuldades de encarar o real."
Fernando Gabeira, Folha Explica A Maconha
p.12

459.

"Foi bem uma tentativa de oferecer um número de referências críticas em relação à música brasileira do que apresentar uma forma nova. A bossa nova, por exemplo, era crítica, mas era principalmente a criação de uma nova forma de fazer música, enquanto que a nossa coisa foi muito mais ligada à criação do que a uma nova bossa. Nós nunca tivemos uma bossa diferente. O que nós tivemos foi uma visão crítica diferente, nada mais. E essa foi a influência que o Tropicalismo trouxe: uma radicalização da crítica"
Caetano Veloso, em entrevista, citado por Carlos Calado no livro 'Tropicália - A História de uma Revolução Musical'
p.282

458.

"A cultura popular, lida em seu caráter estrutural, se transformaria na potência que permitiria a esses artistas ao mesmo tempo revolucionar as formas de enunciação e os enunciados correspondentes a suas respectivas práticas, e fazê-lo de modo que o processo resultante não carecesse de atrativo para o grande público, convocado cada vez mais seu caráter participativo."
Carlos Basualdo, Tropicália, Uma Revolução na Cultura Brasileira
p.14

457.

"Chega de cantar para dois ou três intelectuais uma musiquinha de apartamento. Quero o samba puro, que tem muito mais a dizer, que é a expressão do povo, e não uma coisa feita de um grupinho para o outro grupinho"
Nara Leão, citado no livro 'Tropicália - A História de uma Revolução Musical', de Carlos Calado
p.282

456.

"É esse o contexto da Tropicália. Fator fundamental de diferenciação com relação ao modernismo e às vanguardas contrutivas, é necessário, no entanto, dimensionar devidamente esse desencanto histórico. Pois, ao lado do 'aqui é o fim do mundo / aqui o Terceiro Mundo / pede a bênção vai dormir', da canção 'Marginália II' (de Gil e Torquato Neto), havia a contatação estratégica de que, para 'fazer história', teria de se operar uma reinvenção expressiva capaz de, ora numa 'anti', ora numa 'hiper' teatralidade por vezes grotesca, paródica, expor a 'não-história' presente e seus descompassos e simulacros. Mas seria possível acrescentar a essa tensão entre desencanto e satirização um outro elemento - o seu alcance de massa - que distingue nitidamente o momento tropicalista de outros movimentos artísticos do Brasil do século XX. Mesmo das manifestações culturais com as quais seus integrantes mantiveram diálogo mais intenso."
Flora Süssekind, em Tropicália, Uma Revolução na Cultura Brasileira
p.39

455.

"Não cantar apagava a visualidade de Torquato na fase em que se instaurava com mais força o cantor-imagem."
Tom Zé, Tropicalista Lenta Luta

454.

"O mito da tropicalidade é muito mais do que araras e bananeiras: é a consciência de um não-condicionamento às estruturas estabelecidas, portanto altamente revolucionário na sua totalidade."
Hélio Oiticica, citado em Tropicália, Uma Revolução na Cultura Brasileira
p.18

453.

"Oswald é a possibilidade de uma cultura crítica, fora do oficialismo, do lirismo, do romantismo político. E é o oposto disso. É a devoração antropofágica de todos os mitos criados para impedir este país de copular com a sua realidade e inventar sua história."
José Celso Martinez Corrêa, citado em Tropicália, Uma Revolução na Cultura Brasileira
p.16

452.

"Nós, os tropicalistas, diferentemente de muitos amigos nossos da esquerda mais ingênua, que pareciam crer que os militares tinham vindo de Marte, sempre estivemos dispostos a encarar a ditadura como uma expressão do Brasil"
Caetano Veloso, Verdade Tropical
p.467

451.

"'Por que não' é uma pergunta: por que não usar guitarras elétricas, o cabelo comprido, um suéter laranja de gola rulê em vez de terno escuro? Mas também, por que não continuar a 'linha evolutiva' da música popular brasileira, o trabalho extraordinário de gente como Tom Jobim e João Gilberto, por meio de um diálogo entre o rock e a música erudita, entre Beatles e Webern? E, mais ainda, por que não permanente? Não como uma busca interminável das origens - como quereria o modelo herdado da Europa -, mas sim como uma aposta, permanentemente renovada, na incorporação e elaboração seletiva de estímulos culturais, seja qual for sua procedência. Por que restringir, aprioristicamente, o rol de expreimentos possíveis a serem realizados a partir de uma forma artística determinada?

Mas o modo como a pergunta aparece formulada a torna menos uma interrogação do que uma afirmação escondida. Não se pergunta então, mas se afirma. E aquilo que se afirma é uma negação mantida em suspenso. O dispositivo semântico é complexo: a frase contém uma pergunta que não se expressa como tal, uma afirmação suspensa pelo tom interrogativo, e uma negação contradita pelo caráter afirmativo e inquisitor da proposição. Interessa, sobretudo, o fato de que não se trata de pôr em cena uma pura negatividade, mas uma afirmação dogmática."
Carlos Basualdo, Tropicália, Uma Revolução na Cultura Brasileira
p.15

450.

"O rosto de Caetano, cantando no festival da TV Record, é menos o rosto de um indivíduo específico do que a expressão nascente de uma época. Vê-lo é recordar os Beatles, o Maio Francês ainda por vir, as lutas pelos direitos civis nos Estados Unidos, as minissaisas, Andy Warhol, a Primavera de Praga, as manifestações estudantis contra a ditadura no Brasil e na Argentina, a resistência armada, a repressão, a tortura, o terrorismo de Estado. Tudo está ali, potencialmente, contido nesses gestos. 'Por que não' sintetiza a tentativa de um grupo de artistas, escritores e cineastas de situar a cultura brasileira em um contexto mundial, com relação às mudanças revolucionárias de fim dos anos 60. É a tentativa de buscar o lugar do Brasil nesse mundo, de devolver o mundo ao Brasil e o Brasil ao mundo..."
Carlos Basualdo, Tropicália, Uma Revolução na Cultura Brasileira
p.14  

449.

"A história real somente se fará com a devoração total da estrutura."
José Celso Martinez Corrêa, citado em Tropicália, Uma Revolução na Cultura Brasileira
p.15

448.

"Para Caetano e Gil, assim como para Oiticica e José Celso, a cultura popular não se resume a uma coleção de modismos ou imagens preestabelecidas, mas consiste antes de tudo em uma determinada mecânica de apreender, interpretar e reformular a informação circulante. Essa potência inerente a expressões populares como o carnval, por exemplo, a música nordestina ou a arte de rua, seria o meio que, idealmente, permitiria a esses artistas, ao mesmo tempo, revolucionar as formas culturais com as quais trabalhavam e fazê-lo de tal maneira que o resultado não fosse alienante ou alienado com relação ao grande público."
Carlos Basualdo, Tropicália, Uma Revolução na Cultura Brasileira
p.13  

447.

"O aluno de escola pública é vítima do professor que não ensina direito que, por sua vez, é vítima dos governantes que não levam a educação a sério --a solução mais justa e eficiente, portanto, é repetir não os alunos, mas os políticos. Punir os políticos é a essência de uma das propostas sociais mais ousadas no país, batizada de Lei de Responsabilidade Educacional".
Gilberto Dimenstein, membro do Conselho Editorial da Folha de São Paulo

446.

"Essa história de música de protesto também já era. O que é que se tem pra protestar? Quem é forte é forte e dá porrada. Você vai se lamentar? Se você é mais fraco, dane-se! Isso pode parecer nazismo, mas se você é fraco e quer levar porrada, fique forte e passe a dar. É Hitler mesmo! E tem mais bicho: dar entrevista é uma coisa muito perigosa. Tanto pra mim quanto pra você..."
Raul Seixas, Por Ele Mesmo
p.113

445.

"O PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos."
Jarbas Vasconcelos, senador pelo PMDB (PE)

444.

"Após essa primeira fase de alegria infantil, há como que um apaziguamento. Mas novos acontecimentos se anunciam, em seguida, por uma sensação de frescor nas extremidades (que pode mesmo tornar-se um frio muito intenso em alguns indivíduos) e uma grande fraqueza de todos os membros; você tem, agora, mãos de manteiga e em sua cabeça, em todo o seu ser, há um estupor e uma estupefação embaraçantes. Seus olhos dilatam-se; estão como que lançados em todos os sentidos por um êxtase implacável. Seu rosto inunda-se de palidez. Seus lábios se contraem e entram em sua boca, como o movimento da respiração ofegante que caracteriza todo homem presa de grandes projetos, oprimido por vastos pensamentos ou que simplesmente toma fôlego. A garganta se fecha, por assim dizer. O palato é ressecado por uma sede à qual seria infinitamente bom satisfazer se as delícias da preguiça não fossem mais agradáveis e não se opusessem à menor alteração do corpo. De seu peito, escapam suspiros roucos e profundos, como se o seu velho corpo não pudesse suportar os desejos e atividades de sua alma nova. De vez em quando, um tremor atravessa seu corpo e o obriga a um movimento involuntário, como estes sobressaltos que, ao fim de um dia de trabalho ou durante uma noite agitada, precedem o sono definitivo." 
Charles Baudelaire, Paraísos Artificiais
p.32

443.

"Se gasta uma fortuna na guerra às drogas e houve aumento do consumo e da criminalidade. Algo está errado e apelo para uma mudança de paradigma".
Fernando Henrique Cardoso

442.

"Em 525 d.C, as autoridades resolveram fazer grandes fogueiras públicas da maconha no Cairo. Em 1999, autoridades brasileiras queimaram toneladas de maconha diante das câmeras de TV. Isso dá idéia de como é antiga essa ambivalência diante de uma planta: uns querem destruí-la, outros querem cultivá-la. Do ponto de vista da maconha, a humanidade deve parecer muito louca."
Fernando Gabeira, Folha Explica A Maconha
p.9

441.

"Comprendo y apruebo que um hombre exija mucho de sí mismo, pero cuando amplía esa exigencia a otros y convierte su vida en 'lucha' por el bien, me abstengo de todo juicio, pues no espero lo más mínimo de la lucha, de la acción ni de la aposición. Creo saber que toda voluntad de trasnformar el mundo conduce a la guerra y la violencia y por eso no me puedo solidarizar com ninguna oposición, pues me apruebo sus últimas consecuencias y considero incurables la injusticia y la maldad del mundo.

Lo que sí podemos y debemos transformar somos nosotros mismos; nuestra impaciencia, nuestro egoísmo (también el espiritual), nuestro sentimiento de estar ofendidos, nuestra falta de amor y tolerancia. Cualquier otra transformación del mundo, incluso cuando brota de las mejores intenciones, la considero inútil."
Hermann Hesse, Lecturas para Minutos, tese 32

440.

"Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem"
Friedrich Nietzsche, Para Além do Bem e do Mal

enviada por Reilan dos Reis

439.

"Portela, eu às vezes meditando, quase acabo até chorando
Que nem posso me lembrar
Teus livros têm tantas páginas belas
Se for falar da Portela, hoje não vou terminar
A Mangueira de Cartola, velhos tempos do apogeu
O Estácio de Ismael, dizendo que o samba era seu
Em Oswaldo Cruz, bem perto de Madureira
Todos só falavam Paulo Benjamin de Oliveira
Paulo e Claudionor quando chegavam
Na roda do samba abafavam
Todos corriam pra ver
Pra ver, se não me falha a memória
No livro da nossa história tem conquistas a valer
Juro que nem posso me lembrar
Se for falar da Portela, hoje não vou terminar"
Monarco, letra do samba Passado de Glória

438.

"A mudança histórica das tecnologias mecânicas para as tecnologias da informação ajuda a subverter as noções de soberania e auto-suficiência que serviram de âncora ideológica à identidade individual desde que os filósofos gregos elaboraram o conceito, há mais de dois milênios. Em resumo, a tecnologia está ajudando a desfazer a visão do mundo por ela promovida no passado."
Raymond Barglow, citado no livro Sociedade em Rede, Manuel Castells

437.

"Eu fui fazer o show do concurso e me deram uma roupa igual às de Mick Jagger. Como eu não sou Mick Jagger, vesti um pijama e entrei no palco escovando os dentes. A galera da geral vibrou, mas eu acabei preso durante cinco dias em Brasília"
Raul Seixas, Por Ele Mesmo
p.112

436.

"Uma das razões por que se proibia o casamento aos padres era simplesmente porque os chefes da Igreja não desejavam perder quaisquer terras da Igreja mediante herança aos filhos de seus funcionários. A Igreja também aumentou seus domínios através do 'dízimo', taxa de 10% sôbre a renda de todos os fiéis."
Leo Huberman, A História da Riqueza do Homem
p.23

435.

"Eu vejo as caras, os gestos de Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Contruí-lhe as idades e as vidas. Ricardo Reis nasceu em 1887 (não me lembro o dia e mês, mas tenho-os algures), no Porto, é médico e está presentemente no Brasil. Alberto Caeiro nasceu em 1889 e morreu em 1915; nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda sua vida no campo. Não teve profissão nem educação quase alguma. Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de Outubro de 1890 (às 1,30 da tarde, diz-me Ferreira Gomes; e é verdade, pois, feito o horóscopo para essa hora, está certo). Este, como sabe, é engenheiro naval (por Glasgow), mas agora está aqui em Lisboa em inatividade. Caeiro era de estatura média, e, embora realmente frágil (morreu tuberculoso), não parecia tão frágil como era. Ricardo Reis é um pouco, mas muito pouco, mais baixo, mais forte, mais seco. Álvaro de Campos é alto (1,75m de altura, mais 2 cm do que eu), magro e um pouco tendente a curvar-se. Cara rapada todos - o Caeiro louro sem cor, olhos azuis; e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém , liso e normalmente apartado ao lado, que quase nenhuma - só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Ricardo Reis, educado num colégio de jesuítas, é, como disse, médico; vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É um latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria. Álvaro de Campos teve um educação vulgar de liceu; despois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias, fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre.

Como escrevo em nome desses três?... Careiro por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular que iria escrever. Ricardo Reis, depois de uma deliberação abstrata, que subitamente se concretiza numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê."
Fernando Pessoa, Quando Fui Outro, fragmento da texto-carta Gênese dos Heterônimos 
p.184

434.

01 - Candeia

do blog Cápsula da Cultura, visite!

433.

"A cultura sonha, somos sonhados por ícones da cultura. Somos livremente sonhados pelas capas de revistas, pelos cartazes, pela publicidade, pela moda: cada um de nós encontra um fio que promete conduzir a algo profundamente pessoal, nessa trama tecida com desejos absolutamente comuns. A instabilidade da sociedade moderna se compensa no lar dos sonhos, onde com retalhos de todos os lados conseguimos operar a linguagem da nossa identidade social"
Beatriz Sarlo, Cenas da Vida Pós-Moderna
p.25

432.

"Política pra mim é loucura; é igual a seguir religião. Cada ser é seu próprio universo! Abomino qualquer tentativa de agregação entre pessoas que são diferentes e julgam pensar igual. Mentira!!!"
Raul Seixas, O Bau do Raul Revirado
p. 179

431.

"Um momento importante da arquitetura é quando surge a ideia, aí eu por exemplo trabalho de uma maneira muito particular, quando eu tenho uma ideia, começo a estudar um problema, eu primeiro verifico quais as condições locais, possibilidade econômica, essa coisa, depois, eu começo a desenhar. E quando chega um ideia, uma solução, que me agrada eu passo a escrever, a redigir um texto explicativo, porque se nesse texto eu não encontro argumentos, eu volto pra prancheta."

Oscar Niemeyer, fragmento do DVD 'Um Sopro de Vida'

430.

"As pessoas não percebem o quanto não são livres lá onde mais livres se sentem, porque a regra de tal ausência de libertade foi abstraída delas"

Theodor Adorno, Indústria Cultural e Sociedade

p.108

429.

"Observo, no ya con verdadera intención de comprender, sino sólo son asombro cómo los instintos políticos más pueriles y más boninos adoptan el nombre de 'ideologías', etc., cómo incluso toman los modales propios de una religión. Estos sistemas tienen en comúm com el socialismo marxista, auque éste sea muchísimo más espiritual, la consideración del hombre como casi ilimitadamente pelitizable, lo cual el hombre no es - considero que las convulsiones del mundo actual son en su mayoría consecuencia de este error."
Hermann Hesse, Lecturas para Minutos
p.16

428.

"Eu vivo a cada segundo ligado aos meus pensamentos; na rua, no taxi, anotando tudo em maços de cigarros ou nas mãos para que em casa eu possa passar para o papel e trabalhar para a utilidade dos que sentem."
Raul Seixas, O Baú do Raul Revirado
P. 185

427.

"A igreja foi a maior proprietária de terras no período feudal. Homens preocupados com a espécie de vida que tinham levado e desejosos de passar para o lado direito de Deus antes de morrer, doavam terras à Igreja; outras pessoas, achando que a Igreja realizava uma grande obra de assistência aos doentes e aos pobres, desejando ajud;a-la nessa tarefa, davam-lhe terras; alguns nobres e reis criaram o hábito de, sempre que venciam uma guerra e se apoderavam das terras do inimigo, doar parte delas à Igreja; por êsses e por outros meios a Igreja aumentoava suas terras, até que se tornou proprietária de entre um têrço e metade de tôdas as terras da Europa ocidental."
Leo Huberman, História da Riqueza do Homem
p.22

426.

"Cada vez mais as pessoas organizam seu significado não em torno do que fazem, mas com base no que elas são ou acreditam que são. Enquanto isso, as redes globais de intercâmbio instrumentais conectam e desconectam indivíduos, grupos, regiões e até países, de acordo com sua pertinência na realização dos objetivos processados na rede, em um fluxo contínuo de decisões estratégicas. Segue-se uma divisão fundamental entre o instrumentalismo universal abstrato e as identidades particularistas historicamente enraizadas. Nossas sociedades estão cada vez mais estruturadas em uma oposição bipolar entre a Rede e o Ser."
Manuel Castells, A Sociedade em Rede
p.41   

425.

“Have you ever been in love? Horrible isn’t it? It makes you so vulnerable. It opens your chest and it opens up your heart and it means that someone can get inside you and mess you up. You build up all these defenses, you build up a whole suit of armor, so that nothing can hurt you, then one stupid person, no different from any other stupid person, wanders into your stupid life…You give them a piece of you. They didn’t ask for it. They did something dumb one day, like kiss you or smile at you, and then your life isn’t your own anymore. Love takes hostages. It gets inside you. It eats you out and leaves you crying in the darkness, so simple a phrase like ‘maybe we should be just friends’ turns into a glass splinter working its way into your heart. It hurts. Not just in the imagination. Not just in the mind. It’s a soul-hurt, a real gets-inside-you-and-rips-you-apart pain. I hate love.”
Neil Gaiman

enviada por Giovana Marina

424.

"Por todas partes se busca la 'liberdad' y la 'felicidad' en algún lugar tras nosotros, de puro miedo a que se nos recuerde la propia responsabilidad, nuestro propio camino. Durante unos años se bebe y se festeja e después nos arrastamos y nos convertimos en personas serias al servicio del Estado."
Hermann Hesse, Lecturas Para Minutos 

423.

"Castells nos adverte, no fundo, de que é preciso levar a sério as mudanças introduzidas em nosso padrão de sociabilidade em razão das transformações tecnológicas e econômicas que fazem com que a relação dos indivíduos e da própria sociedade com o processo de inovação técnica tenha sofrido alterações consideráveis."
Fernando Henrique Cardoso, Prefácio do livro A Sociedade em Rede, Manuel Castells
p.36

422.

"Mas, na verdade, será atroz o peso e bela a leveza?
O mais pesado fardo nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.
Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes."
Milan Kundera, A insustentável leveza do ser

421.

"Ouvimos de tudo e usamos de tudo."
Rita Lee, 1972, quando ainda integrante da banda Os Mutantes

420.

“Sempre considero as coisas novamente e de outro ângulo. Meu pensamento é, por assim dizer, circular. Esse é o método que combina comigo. É, de certo modo, um novo tipo de reflexão peripatética*.”
Carl Gustav Jung

enviada por Giovana Marina

419.

"As idéias melhoram. O sentido das palavras entram em jogo. O plágio é necessário. O progresso supõe o plágio. Ele se achega à frase de um autor, serve-se de suas expressões, apaga uma idéia errônea, a substitui pela idéia correta."
Guy Debord, A Sociedade do Espetáculo, tese 207
p.134

418.

"Podemos esclarescer isto de maneira simples através da ideologia do hobby. Na naturalidade da pergunta sobre a qual hobby se tem está subentendido que se deve ter um, porventura, também já escolhido de acordo com a oferta do negócio do tempo livre. Liberdade organizada é coercitiva. Ai de ti se não tens um hobby, se não tens ocupação para o tempo livre então tu és um pretensioso ou antiquado, um bicho raro, e cais em ridículo perante a sociedade, a qual te impinge o que deve ser o teu tempo livre. Tal coação não é, de nenhum modo, somente exterior. Ela se liga às necessidades das pessoas sob um sistema funcional. "
Theodor Adorno, A Indústria Cultural e Sociedade
p.107

417.

"A propósito, é bastante significativo que os vegetarianos expliquem a escolha da alimentação pela simples afirmação de que a preferem à outra. Muito pelo contrário, acabam por construir uma justificação complicadíssima, que inclui falsidades médicas e incoerências filosóficas de todas as espécies."
Desmond Morris, O Macaco Nu
p.210

416.

Acróstico

"Devo te confessar, de alma incendiada,
o que em meu peito guardo emocionado,
com tanta estimação, tanto cuidado,
e o que jamais te disse em toda vida;

acho por bem dizer na hora escolhida,
mesmo que os tempos tenham caminhado,
o segredo que eu trago inda inviolado,
recôndito, e que, às vezes, me intimida;

sei que devo aclarar, tão simplesmente,
ouvir meu coração, que há muito sente,
unindo aos beijos teus minha ventura;

todavia, ao sentir-me em sonho imerso,
escrevo, ― na inicial de todo verso,
uma estória de amor e ternura!...
P. de Petrus, Pensamentos Poéticos
p.34

415.

"Aí por  1912, salvo erro (que nunca pode ser grande), veio-me à idéia escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei umas coisas em verso irregular (não no estilo Álvaro Campos, mas num estilo de meia regularidade), e abandonei o caso. Esboçara-se-me, contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo. (Tinha nascido, sem que eu soubesse, o Ricardo Reis.)

Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me  uma dia fazer uma partida ao Sá-Carneiro - de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de realidade. Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistiria - foi em 8 de Março de 1914 - acerquei-me de uma cômoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com o título, Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. "
Fernando Pessoa, Quando Fui Outro, fragmento da texto-carta Gênese dos Heterônimos 
p.181

414.

“Não sei dizer como é um homem que desfrute de completa auto-realização porque nunca vi nenhum. Antes de buscar a perfeição, devemos viver o homem comum, sem automutilação.”
Carl Gustav Jung

enviada por Giovana Marina

413.

"Assim como não se aprecia o valor de um homem segundo a idéia que ele tem de si próprio, não se pode apreciar - e admirar - uma sociedade qualquer tomando como indiscutivelmente verídica a linguagem que ela usa consigo mesma."
Guy Debord, A Sociedade do Espetáculo, tese 202
p.131

412.

"Me deixem viver minha vida do meu jeito."
Jimi Hendrix, 1967
p.122

411.

"O admirável, no poeta, é não encontrar, em seus versos, muita amargura, excesso de revolta, transbordando, em sua totalidade, o lirismo adocicado, o romantismo sedutor e a ternura gostosa e benfazeja, além do bom humor e espírito alegre em muitas de suas composições."
Noel Bergamini, introdução ao livro Pensamentos Poéticos, de P. de Petrus
p.24

410.


"O que nós estamos vivendo hoje é que o homem deixou de ser o centro do mundo. O centro do mundo hoje é o dinheiro, mas o dinheiro em estado puro. O dinheiro em estado puro só é o centro do mundo por causa dessa geopolítica que se instalou, proposta pelos economistas e imposta pela mídia."
Milton Santos, fragmento do documentário Encontro com Milton Santos

409.

"A aglomeração excessiva produzirá uma tal agitação social que acabará por despedaçar nossas organizações comunitárias muito antes de morrermos de fome. A aglomeração excessiva agirá diretamente contra qualquer progresso do controle intelectual e aumentará de maneira bárbara as possibilidades de explosão emocional. A única forma de prevenir esses riscos será uma grande limitação dos crescimentos."
Desmond Morris, O Macaco Nu
p.187-188

408.

"Tenho mais medo da mediocridade que da morte."
Bob Marley

407.

"Nos bombardeios publicitários restantes, é nitidamente proibido envelhecer."
Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo, tese 160
p.109

406.

"Diga a quem quiser saber que, de todas as maneiras de investigar o mundo, eu prefiro todas."
Raul Seixas, Por Ele Mesmo
p.97

405.

"Nas célebres olimpíadas de 1936, em Berlim, Adolf Hitler não gostou nada do que viu: um negro ganhar 4 medalhas de ouro, estabelecendo 3 novos recordes olímpicos. Era o norte-americano Jesse Owens. E qual era a marca do tênis que ele usou em todas as provas? Acertou: Adidas."
Reinaldo Pimenta, Casa da Mãe Joana
p.16

404.

"Ninguém destrói as glórias do passado; os vultos que vivem na lembrança dos que prezam a cultura, exortam a sabedoria e sublimam a inteligência. Todos eles serviram, servem e servirão de exemplo a todas as gerações como fonte permanente de inspiração."
Noel Bergamini, introdução ao livro Pensamentos Poéticos, de P. de Petrus
p.23

403.

"Não sei nada de música. No meu ramo, não é preciso."
Elvis Presley, 1960
p.50

402.

"A espécie de sésamo mais famosa é o sesamum indicum, conhecido popularmente como gergelim (aquelas sementinhas que os padeiros põem sobre as bisnagas).
Em inglês, sesamum virou sesame. Daí, o nome do programa infantil de TV "Sesame Street", que no Brasil ganhou o título de 'Vila Sésamo', embora poucos saibam o que vem a ser sésamo. Numa tradução literal e popular, o programa se chamaria 'Rua Gergelim'."
Reinaldo Pimenta, A Casa da Mãe Joana - Curiosidades nas origens das palavras, frases e marcas
p.15

401.

"A vida, tornando-se mesquinha com o materialismo grosseiro avassalando o mundo e deturpando caracteres, tem concorrido, demais, para roubar da espécie humana ― o que existe de mais puro e nobre: a sensibilidade! Comparando com os que não a têm, os que possuem essa rara virtude se sobrepujam, reagindo contra o calculismo premeditado, destruidor de idéias consagradas e dos mais elevados princípios éticos e morais."
Noel Bergamini, introdução ao livro Pensamentos Poéticos, de P. de Petrus
p.23

400!

"A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede."
Carlos Drummond de Andrade

399.

"Mas a poesia não existia ainda. 
                      Plantas. Bichos, Cheiros. Roupas.
                      Olhos. Braços. Seios. Bocas.
                      Vidraça verde, jasmim.
                       Bicicleta no domingo. 
                       Papagaios de papel.
                       Retreta na praça. 
                       Luto. 
                      Homem morto no mercado
                      sangue humano nos legumes.
                     Mundo sem voz, coisa opaca."
Ferreira Gullar, fragmento do Poema Sujo

398.

"O soneto, queiram ou não queiram, é indiscutivelmente, a base da Poesia, a sua estrutura máxima, o seu alicerce ponderável e indestrutível, por ser imortal como as conquistas imperecíveis da ciência; quanto as leis imutáveis da Natureza; quanto o brilho solene dos astros e a beleza magnética das estrelas! Os derrotistas podem dizer que o soneto está morto, esquecido, ultrapassado: ― de forma alguma! Ele, continua vivo;
Noel Bergamini, introdução ao livro Pensamentos Poéticos, de P. de Petrus
p.22-23

397.

"Suponho que você teve a precaução de escolher bem o seu momento para a expedição aventurosa. Toda orgia perfeita necessita de um perfeito repouso. Você sabe, além disso, que o haxixe cria o exagero não apenas do indivíduo, mas também da circunstância e do meio; você não tem deveres a cumprir que exijam pontualidade e exatidão; nenhuma tristeza de família; nenhuma dor de amor. É preciso ter cuidado. Esta infelicidade, esta inquietude, esta lembrança de um dever que reclama sua vontade, sua atenção a um momento determinado soarão como um dobre de finados em meio à sua embriaguez e envenenarão seu prazer. A inquietação será transformada em angústia; a tristeza, em tortura. Se, observadas todas estas condições preliminares, o tempo estiver bom, se você estiver em um ambiente favorável, como uma paisagem pirotesca ou um apartamento poeticamente decorado, se, além disso, você puder contar com um pouco de música, então tudo é para o melhor."
Charles Baudelaire, Paraísos Artificiais
p.24

396.

"Não preciso que me digam de que lado nasce o sol
Por que bate lá meu coração"
Belchior, na música Comentários a Respeito de John

enviada por João Paulo Oliveira

395.

"A Poesia exprime todos os graus do sentimento e da dor; nela se aninham todas as emoções do coração humano; nítida voz da Natureza, e do Espírito, trazendo, dentro de si, a melodia da música, que, por sua opulência e graça, é, sem dúvida, a Rainha das Artes. Diáfama quanto o Céu e radiante quanto o Sol, ela, tem segredos e mistérios que o próprio poeta desconhece. Dispondo de imensa faculdade inventiva, sacode-lhe a mente um estuário de ilimitadas harmonias, o colorido das imagens, despontando, em seus lábios, o verbo prodigioso da criação."
Noel Bergamini, introdução ao livro Pensamentos Poéticos, de P. de Petrus
p.22

394.

"É bobagem insitir em fazer do samba uma forma para museus, morto. O samba não morreu: está crescendo. É isso o que me interessa...Guitarra elétrica é um instrumento muito bonito. E desde que existe que é utilizada no samba. Cresci ouvindo os trios elétricos da Bahia, que ainda hoje animam o carnaval de lá: e ninguém nunca pensou em dizer que os trios elétricos tocam iê-iê-iê."
Caetano Veloso, em entrevista de Torquato Neto, pro Jornal dos Sports de 27/09/67

393.

"Não sou loco. A minha própria lucidez atingiu mesmo um tal nível de qualidade e de concentração que não existe uma personagem mais heróica e mais prodigiosa neste século e, excluindo Nietzsche (e mesmo ele, morreu louco), não encontramos equivalente noutros. A minha pintura assim o testemunha."
Salvador Dalí

392.

"O que não se pode admitir é achincalhe, menosprezo, vilipêndio* com a poesia, que é arte pura, eterna: ― é Deus em forma de beleza!"
Noel Bergamini, introdução ao livro Pensamentos Poéticos, de P. de Petrus
p.14

391.

"Começo pela parte psiquiátrica. A origem dos meus heterônimos é o fundo traço de histeria que existe em mim. Não sei se sou simplesmente histérico, se sou, mais propriamente, um histero-neurastênico. Tendo para essa segunda hipótese, porque há em mim fenômenos de abulia que a histeria, propriamente dita, não enquadra no registro de seus sintomas. Seja como for, a origem mental dos meus heteronômios está na minha tendência orgânica e constante para a despersonalização e para a simulação. Estes fenômenos - felizmente para mim e para outros - mentalizaram-se em mim; quero dizer, não me manifestam na minha vida prática, exterior e de contato com os outros; fazem explosão para dentro e vivo-os eu a sós comigo. Se eu fosse mulher - na mulher os fenômenos histéricos rompem em ataques e coisas parecidas - cada poema de Álvaro Campos (o mais histericamente histérico de mim) seria um alarme para a vizinhança. Mas sou homem - e nos homens a histeria assume principalmente aspectos mentais; assim tudo acaba em silêncio e poesia..."
Fernando Pessoa, Quando Fui Outro, fragmento da texto-carta Gênese dos Heterônimos 
p.178

390.

"Num cofo de quintal na terra preta cresciam plantas e rosas
                            (como pode o perfume
                            nascer assim?)"
Ferreira Gullar, fragmento do Poema Sujo 

389.


"Esta sua vivência, que é você se sentir alguém a quem é oferecido 'mais do mesmo', mesmo pelos diferentes, pode ser vista por mim como uma expressão de uma das leis do espetáculo. O espetáculo oferece mais do mesmo, as mercadorias são mais do mesmo, o discursos de político são mais do mesmo, o mais do mesmo é uma lei do espetáculo. Outros a perceberam de maneira diferente, o Bourdieu num livro muito difundido, 'Sobre a Televisão', fala dessa coisa incrível que é a concorrência entre os veículos de televisão produz mais igualdade do que diferença. A concorrência que deveria realçar a diferença de um pro outro produz uniformidade, uma uniformidade impossível de ser separada. Isso acontece na mídia também. Não pelas leis da preferência partidária, mas pelas leis do consumo e do espetáculo que pesam sobre os organizadores do conteúdo como um imperativo: Ganhe o tempo do seu consumidor! Qual a missão dos grande meios de comunicação? Ter pregados em si os olhos dos consumidores o maior número de tempo possível. O que for necessário para fazer isso, será feito."
Eugênio Bucci, do DVD Jornalismo Sitiado

388.

"O tempo que tem sua base na produção das mercadorias é ele próprio uma mercadoria consumível."
Guy Debord, A Sociedade do Espetáculo, tese 151
p.104