114.

Chicago

"consegui," ela disse, "apareci."
ela estava com botas novas, calças
e um suéter branco. "agora eu sei
o que eu quero." ela era de Chigago e
havia se mudado para o distrito de Fairfax, L.A.

"você me prometeu champanhe,"
ela disse.
"eu estava bêbado quando liguei. qual uma
cerveja?"
"não, me passa seu baseado."
ela tragou e soltou:
"não é lá grande coisa".
e me devolveu.

"há uma diferença", eu disse, "entre
fazer coisas e simplesmente ficar duro"

"gosta das minhas botas?"
"sim, bem legais."
"escuta, tenho que ir. posso usar
o banheiro?"
"claro."

quando ela voltou tinha a boca muito
pintada de batom. eu não via uma assim
desde que era garoto.
beijei-a a caminho da porta
sentindo o batom grudar em meus
lábios.

"tchau" ela disse.
"tchau" eu disse.

caminhou pela passagem até o carro.
eu fechei a porta.

ela sabia o que queria e não era
eu.
conheço mais mulheres desse tipo do
que qualquer outro."

Charles Bukowski, O Amor é Cão dos Diabos
p.70

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