141.

Entre as Horas
Um sino badala na noite molhada
os insones ruminam
a incerteza do dia.
Seus passos ressoam
catástrofe que o mármore
levanta em luz fria.
Abrem tomos ante os olhos aflitos
e roém o pão das horas sem dentes
eles não pára fora
desferem arrancam seu vôo de dentro.

Corpo de sombras encobre
abaixo das patas do breu
instantes contados do real
até sua palidez
cair sob o punho do sol
quando arrastam a cauda réptil
a um leito de mudez.

Um sino badala e enche o ar de gemidos
que os pássaros recolhem
e fiam trinos.
Sob a lâmina vertical do meio-dia
a terra nova rala
o fumo e o limo da madrugada
abre o poroso dos ossos
o que teme o pacto
entre mundo e criatura.
Um fungo brota
na escuridão do sol a pino.
Carlos Tamm, Osso e Vento
p.28-29

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Registre o que pensou! Não é isso que importa?