"Este senhor visível da natureza visível (falo do homem) quis, portanto, criar o paraíso pelas drogas, pelas bebidas fermentadas, semelhante a um maníaco que substituiria os móveis sólidos e os jardins verdadeiros por cenários pintados sobre tela e emoldurados. É nesta depravação do sentido do infinito que jaz, na minha opinião, a razão de todos os excessos culposos, desde a embriaguez solitária e concentrada do literato que, obrigado a procurar no ópio o alívio de uma dor física, e tendo desta forma descoberto uma fonte de prazeres mórbidos, fez disto pouco a pouco sua única higiene e como que o sol de sua vida espiritual, até a embriaguez mais repugnante dos suburbanos que, com o cérebro carregado de fogo e glória, rolam ridiculamente nos lixos da rua"
Charles Baudelaire, Paraísos Artificiais
p.14
Aí está o primeiro fragmento do Paraísos Artificiais. Legal esclarecer que o livro é divididos em duas diferentes obras, o Comedor de Ópio e o Poema do Haxixe.
ResponderExcluirAs citações se tratam do segundo, que apesar do nome, é em prosa. Espero que gostem. E cuidado com possíveis bads.
Grande abraço a todos!