319.

"Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladratura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois de lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada."
Hilda Hilst, fragmento do poema Do Desejo

4 comentários:

  1. Nossa, gostei do texto.
    Ele é diferente de tudo que já li.
    Quando li as primeiras frases, não imaginaria que o final seria aquele. E ainda sim, os sentidos e as palavras se costuraram numa sintonia incrível.

    Não conhecia Hilda Hilst.

    Muito obrigada por apresentar-me a ela.
    :))

    Aguardo mais posts.

    ResponderExcluir
  2. Adoro a Hilda!
    Me surpreende por inteira!
    (:

    ResponderExcluir
  3. Adoro editar um blog que propicia esse transpor de conhecimento.

    Maria vai ficar responsável por mais Hilda Hilst. Ela que é leitora assídua.

    Grande abraço.

    ResponderExcluir

Registre o que pensou! Não é isso que importa?