355.

"Quando me toca essa questão, fico apavorado: Eu não tenho qualquer hobby. Não que eu seja um besta de trabalho que não sabe fazer consigo nada além de esforçar-se e fazer aquilo que deve fazer. Mas aquilo com o que me ocupo fora da minha profissão oficial é, para mim, sem exceção, tão sério que me sentiria chocado com a idéia de que se tratasse de hobbies, portanto ocupações nas quais me jogaria absurdamente só para matar o tempo, se minha experiência contra todo tipo de manifestações de barbárie - que se tomaram como que coisas naturais - não me tivesse endurecido. Compor música, escutar música, ler concentradamente, são momentos integrais da minha existência, a palavra hobby seria escárnio em relação a elas."
Theodor Adorno, A Indústria Cultural e Sociedade
p.105

Um comentário:

  1. Muito bom! Numa época em que as pessoas parecem viver para as profissões, sendo meros fantasmas no tempo livre que lhes resta, esse fragmento é revigorante...

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