456.

"É esse o contexto da Tropicália. Fator fundamental de diferenciação com relação ao modernismo e às vanguardas contrutivas, é necessário, no entanto, dimensionar devidamente esse desencanto histórico. Pois, ao lado do 'aqui é o fim do mundo / aqui o Terceiro Mundo / pede a bênção vai dormir', da canção 'Marginália II' (de Gil e Torquato Neto), havia a contatação estratégica de que, para 'fazer história', teria de se operar uma reinvenção expressiva capaz de, ora numa 'anti', ora numa 'hiper' teatralidade por vezes grotesca, paródica, expor a 'não-história' presente e seus descompassos e simulacros. Mas seria possível acrescentar a essa tensão entre desencanto e satirização um outro elemento - o seu alcance de massa - que distingue nitidamente o momento tropicalista de outros movimentos artísticos do Brasil do século XX. Mesmo das manifestações culturais com as quais seus integrantes mantiveram diálogo mais intenso."
Flora Süssekind, em Tropicália, Uma Revolução na Cultura Brasileira
p.39

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