532.

Alguém que me espia do fundo da noite
Com olhos imóveís brilhando na noite
Me quer.

Alguém que me espia do fundo da noite
(Mulher que me ama, perdida na noite?)
Me chama.

Alguém que me espia do fundo da noite
(És tu, Poesia, velando na noite?)
Me quer.

Alguém que me espia do fundo da noite
(Também chega a morte dos ermos da noite…)
Quem é?

Imitação de Rilke, Vinícius de Moraes

531.

"Nesse punhado de homens que não têm outra alternativa senão a morte ou a vitória, onde a morte é um conceito mil vezes presente e a vitória, um mito que somente um revolucionário ousa sonhar" (Che Guevara)

"Sem derramamento de sangue não há redenção" (Hebreus9, 22)

Citações no livro Batismo de Sangue, Frei Betto

p.157

530.

Auto da Lusitânia

Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:

Ninguém: Que andas tu aí buscando?
Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:
                           delas não posso achar, 
                           porém ando porfiando
                           por quão bom é porfiar. 
Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?
Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
                            e meu tempo todo inteiro
                            sempre é buscar dinheiro
                            e sempre nisto me fundo.
Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
                   e busco a consciência.
Belzebu: Esta é boa experiência:
                Dinato, escreve isto bem.
Dinato: Que escreverei, companheiro? 
Belzebu: Que Ninguém busca consciência.
                 e Todo o Mundo dinheiro.
Gil Vicente

529.

The Return

"Earth can not count the sons she bore:
the wounded lynx, the wounded man
Come trailing blood unto her door;
She shelters them as best she can"
Vincent Millay

528.

"Se o governo comprar um circo, o anão começa a crescer" 
Antônio Delfim Netto

527.

“Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, gêneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida. ..... Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!"
Augusto Boal

526.

"Mas [a colonização do Brasil] esbarrou, sempre, com a resistência birrenta da natureza e com os caprichos da história, que nos fez a nós mesmos, apesar daqueles desígnios, tal qual somos, tão opostos a branquitudes e civilidades, tão interiorizadamente deseuropeus como desíndios e desafros."
Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro/A formação e o sentido do Brasil
p. 70

525.

"Quando eu era sindicalista, eu culpava o governo. Quando eu era da oposição, eu culpava o governo. Quando eu virei governo, eu culpei a Europa e os Estados Unidos.”
Luís Inácio Lula,  citado pelo primeiro-ministro britânico Gordon Brown em conversa com Barack Obama

524.

"A juventude, embora esmagada nas relações econômicas dominantes que lhe conferem um lugar cada vez mais precário, e mentalmente manipulada pela produção de subjetividade coletiva da mídia, nem por isso deixa de desenvolver suas próprias distâncias de singularização com relação à subjetividade normalizada. A esse respeito, o caráter transnacional do rock é absolutamente significativo: ela desempenha o papel de uma espécie de culto iniciático que confere uma pseudo-identidade cultural a massas consideráveis de jovens, permitindo-lhes constituir um mínimo de Territórios existenciais."
Félix Guattari, As Três Ecologias
p.14

523.

Na Oração, que desaterra

"Na oração, que desaterra................................... a terra,
Quer Deus que a quem está o cuidado.................. dado,
Pregue que a vida é emprestado.......................... estado,
Mistérios mil que desenterra................................ enterra.

Quem não cuida de si, que é terra,........................ erra,
Que o alto Rei, por afamado................................. amado,
É quem lhe assiste ao desvelado........................... lado,
Da morte ao ar que não desaferra........................ aferra.

Quem do mundo a mortal loucura........................ cura,
A vontade de Deus sagrada.................................. agrada
Firmar-lhe a vida em atadura............................... dura.

Ó voz zelosa, que dobrada.................................... brada,
Já sei, que a flor da formosura............................. usura,
Será no fim desta jornada.................................... nada.
"
Gregório de Matos Guerra

522.

"Odeio quem me rouba a solidão sem, em troca, me oferecer verdadeira companhia."
Nietzsche
enviada por Diego Muñoz

521.

"Se não me bastassem problemas de amor
Papéis importantes confundem a mente
É gente correndo é conta corrente
Corrida do ouro, progresso, sucesso
Meu peito poeta rejeita esse jeito
E vai enfeitado de amor o meu verso
Entenda meu samba seja como for
Que eu vivo na vida
Correndo pro amor

Mas não sou Deus
Pra ter de perdoar"
João Nogueira, da música Meu Canto Sem Paz, em parceria com Gisa Nogueira

520.

"O poema é antes de tudo um inutensílio"
Manoel de Barros

519.

"tudo que permanece, fundam-no os poetas"
Friedrich Hölderlin

518.

"A arte de amar é a mesma de ser poeta."
Cecília Meireles

517.

"O real não se pronuncia, ele é pronunciado desde um princípio que o desconhece pretendendo conhecê-lo."
Antonio Jardim, do texto Quando a Paixão é Filosofia

516.

"Em uma guerra não se matam milhares de pessoas. Mata-se alguém que adora espaguete, outro que é gay, outro que tem uma namorada. Uma acumulação de pequenas memórias..."

Christian Boltanski, frase citada no documentário "Nós que aqui estamos, por vós esperamos"

515.

"Os homens criam as ferramentas, as ferramentas recriam os homens."

Marshall McLuhan, frase citada no documentário "Nós que aqui estamos, por vós esperamos"

514.

"Sem olhos, sem nariz, sem boca, a aranha responde
unicamente aos signos e é atingida pelo menor signo que
atravessa seu corpo como uma onda e a faz pular sobre a presa."
Gilles Deleuze, Proust e os Signos

513.

O Poeta

"Olhos que recolhem
Só tristeza e adeus
Para que outros olhem
Com amor os seus.

Mãos que só despejam
Silêncios e dúvidas
Para que outras sejam
Das suas, viúvas.

Lábios que desdenham
Coisas imortais
Para que outros tenham
Seu beijo demais.

Palavras que dizem
Sempre um juramento
Para que precisem
Dele, eternamente."
Vinícius de Moraes