"A palavra
vem descendo pela boca
e some pelo corpo
que é cavalo, peixe, pássaro
arde e estala, temporal de sol.
A linguagem se arrasta atrás
fôlego de água.
O nome-que-não-se-diz, será o teu,
pai?"
Carlos Tamm, Osso e Vento
p. 58
"Fui carrasco e vítimaum som e outro me deram o ritmouma rima e a seguinte, a terceira.Voz sobre dor, palavra e poesia."
"Melhor te mostraros lanhos na bocaa pálpebra clarae pela fenda do meu dente tortoassoprei luz, peixe, vendavale você ficará atônita ao vero que um sorriso estrábico comporta:fome, alegria, sexo,árvore, montanha, tempestade."
"As palavras têm calopor cima da doro silêncio tem a cordo ventre rasgadode um cavalo"
Entre as Horas
Um sino badala na noite molhadaos insones ruminama incerteza do dia.Seus passos ressoamcatástrofe que o mármorelevanta em luz fria.Abrem tomos ante os olhos aflitose roém o pão das horas sem denteseles não pára foradesferem arrancam seu vôo de dentro.Corpo de sombras encobreabaixo das patas do breuinstantes contados do realaté sua palidezcair sob o punho do solquando arrastam a cauda réptila um leito de mudez.Um sino badala e enche o ar de gemidosque os pássaros recolheme fiam trinos.Sob a lâmina vertical do meio-diaa terra nova ralao fumo e o limo da madrugadaabre o poroso dos ossoso que teme o pactoentre mundo e criatura.Um fungo brotana escuridão do sol a pino.
As formas do mundo retornamum fio que verte do caose desenha o meu enredo.