Mostrando postagens com marcador Carlos Castañeda. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Carlos Castañeda. Mostrar todas as postagens

309.

"Argumentei que a gente precisa de ambição até para tomar algum caminho, e que a afirmação dele, de que a gente tinha de ser livre de ambição, não tinha sentido. Uma pessoa tem que ter ambição para poder aprender.
― O desejo de aprender não é ambição ― disse ele.
― É nosso destino como homens querer saber, mas procurar a erva-do-diabo é querer o poder, e isso é ambição, pois você não está querendo saber. Não deixe que a erva-do-diabo o cegue. Já o fisgou. Engoda os homens e lhes dá uma sensação de poder; ela os faz sentir que podem fazer coisas que nenhum homem comum pode fazer. Mas isso é a armadilha dela. E em seguida o caminho sem coração se volta contra os homens e os destrói. Não custa muito morrer, e procurar a morte é não procurar nada."
Carlos Castañeda, A erva-do-diabo
p.170

306.

"A erva-do-diabo é como uma mulher, e, como mulher, lisonjeia os homens. Prepara armadilhas para eles a cada passo... Advirto-o. Não a tome com paixão; a erva-do-diabo é apenas um dos caminhos para os segredos de um homem de conhecimento. Há outros caminhos. Mas a armadilha dela é fazê-lo crer que o caminho dela é o único. Digo que é inútil desperdiçar a vida num caminho, especialmente se esse caminho não tiver coração."

Carlos Castañeda, A erva-do-diabo
p.169

303.

"Você acha que há dois mundos para você... dois caminhos. Mas só existe um. O protetor mostrou-lhe isso com uma clareza inacreditável. O único mundo possível para você é o mundo dos homens, e esse mundo você não pode resolver largar. É um homem! O protetor lhe mostrou o mundo da felicidade, onde não há diferença entre as coisas porque lá não há ninguém que indague pela diferença. Mas esse não é o mundo dos homens. O protetor o sacudiu dali para fora e lhe mostrou como é que o homem pensa e luta. Este é o mundo do homem! E ser um homem é estar condenado a este mundo. Você tem a presunção de crer que vive em dois mundos, mas isso é apenas vaidade. Só existe um único mundo para nós. Somos homens, e temos de seguir satisfeitos o mundo dos homens..."
Carlos Castañeda, A erva-do-diabo
p.162

297.

"―Voei de verdade, Dom Juan?
― Foi o que me disse. Não voou?
― Sei, Dom Juan. Quero dizer, meu corpo voou? Levantei vôo como um passarinho?
― ...O que quer saber não faz sentido. Os pássaros voam como pássaros e um homem que tomou a erva-do-diabo voa como tal.
― Assim como os pássaros?
― Não, voa como um homem que tomou a erva.
― Então, realmente não voei, Dom Juan. Voei em minha imaginação, só em minha mente. Onde estava meu corpo?
― Nas moitas ― respondeu ele, mordaz, mas logo caiu na gargalhada outra vez. ― O problema é que você só entende as coisas de um jeito. Não acha que um homem voa.
― Sabe, Dom Juan, você e eu estamos orientados de maneira diferente...
― Lá vem você outra vez com suas perguntas de 'o que aconteceria se'... Não adianta falar assim...
― Mas o que quero dizer, Dom Juan, é que, se você e eu olharmos para um pássaro e o virmos voando, concordamos que está voando. Mas se dois de meus amigos me tivessem visto voando como voei ontem, concordariam que eu estava voando?
― Bom, podiam ter concordado. Você concorda que os pássaros voam porque já os viu voando. Voar é coisa comum, para os pássaros. Mas não vai concordar com outras coisas que os pássaros fazem, pois nunca viu pássaros fazendo tais coisas. Se seus amigos soubessem a respeito de os homens voarem com a erva-do-diabo, então eles haviam de concordar."
Carlos Castañeda, A erva-do-diabo
p.137-138

291.

"...ele disse que havia muitas coisas que podiam enlouquecer uma pessoa, especialmente se ela não tivesse a resolução e o propósito necessários para aprender; mas que quando um homem tinha um espírito claro e inflexível, os sentimentos não eram em absoluto um obstáculo, pois ele era capaz de controlá-los."
Carlos Castañeda, A erva-do-diabo
p.118

273.

"– Quando um homem começa a aprender, ele nunca sabe muito claramente quais são seus objetivos. Seu propósito é falho; sua intenção, vaga. Espera recompensas que nunca se materializarão, pois não conhece nada das dificuldades da aprendizagem.
Devagar, ele começa a aprender... a princípio, pouco a pouco, e depois em porções grandes. E logo seus pensamentos entram em choque..."

Carlos Castañeda, A erva-do-diabo
p.90

237.

"― Não me interprete mal, Dom Juan ― protestei eu. ― Quero ter um aliado(poder), mas também desejo saber tudo o que puder. Você mesmo já disse que saber é poder.
― Não! ― disse ele, com ênfase. ― O poder reside no tipo
de sabedoria que a gente tem. De que adianta saber coisas inúteis?"
Carlos Castañeda, A Erva-do-diabo
p.28